segunda-feira, 27 de julho de 2009

A Chegada do Presbiterianismo no Brasil



Um dos grandes eventos históricos de 1859 no Brasil é a chegada do rev. Ashbel Green Simonton na manhã de 12 de agosto. O jovem missionário, de 26 anos, chegava a um país grandioso, imperial, reinado por dom Pedro II. "É um lugar lindo, o mais singular e radiante que jamais vi (...) estou pronto para desembarcar", relatou o pasto r em seu diário.

O rev. Ashbel, ordenado pastor há poucos meses, chegou à capital do império, na época o Rio de Janeiro, vindo de Baltimore, Estados Unidos. Foram quase dois meses de viagem até o início da realização do seu plano de servir a Deus em solo brasileiro.

O belo Brasil, descrito por Simonton, possuía seu lado obscuro. Naquele ano, homens, mulheres e crianças de pele negra ainda eram obrigados a trabalhar para grandes senhores. O país atravessava uma crise em relação à saúde pública. Doenças como tuberculose (considerada o mal do século 19) e febre amarela causavam transtornos e sérias preocupações, mesmo após a superação de uma epidemia de cólera.

Porém, alguns fatores contribuíram, de certa maneira, para a chegada de Simonton ao Brasil, como o processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro e o anseio por reformas mais profundas na sociedade, fruto dos ideais iluministas da época. Sabe-se que muitos protestantes já haviam pisado em solo brasileiro, contudo, as tentativas foram fracassadas, já que a coroa portuguesa não via com bons olhos a presença de protestantes em sua maior colônia, oficialmente católica.

Em 1859 Simonton encontrou uma terra que já desfrutava de certa liberdade religiosa e aceitava a presença de protestantes em seu solo. À entrada do Rio de Janeiro pôde avistar o Pão de Açúcar e o Corcovado. "Sentiria dificuldade em descrever a emoção que tomou conta de mim ao ver aqueles picos altaneiros dos quais tenho ouvi do falar e lido tantas vezes, os quais me dizem que a viagem terminou e cheguei ao meu novo lar e campo de trabalho", resumiu o pastor.

Em seu diário, o missionário mal conseguiu descrever suas sensações perante o desejo de desembarcar no Rio de Janeiro. Estava feliz e, ao mesmo tempo, sentia temor perante o tamanho de sua responsabilidade. Apesar de não falar o idioma português, o pastor logo iniciou seus trabalhos e fez seus primeiros contatos com estrangeiros.

Até a data de seu falecimento, em 1867, o missionário presenciou fatos importantes da época, tais como o lançamento do primeiro periódico protestante do Brasil - a Imprensa Evangélica, a organização do Presbitério do Rio de Janeiro, e a criação de um seminário teológico.

De 12 de agosto de 1859 a 12 de agosto de 2008, muito se pode dizer a respeito da IPB. A instituição se expandiu, cresceu e consolidou suas bases no Brasil. Hoje traz à memória sua trajetória de vida e reflete a respeito do tamanho da responsabilidade de expandir o reino de Deus pela propagação do evangelho - a mesma descrita por Simonton há 149 anos - e dar continuidade à missão traçada por seus pioneiros.

Texto: Caroline Santana Pereira (Rede Presbiteriana de Comunicação- Portal IPB)
Material Consultado: MATOS, Alderi Souza (org). O Diário de Simonton. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002. Os pioneiros presbiterianos do Brasil. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004